Sáb, 18 Dic 21 Lectio Divina - Año C
Os textos litúrgicos do quarto domingo do advento Miquéias 5,1-4. Salmo 79/80, 2-3.15-16.18-19. Hebreus 10,5-10 e Lc1,39-45 nos convida a contemplar a ação continua de Deus na nossa história. No coração da liturgia deste domingo emerge um ícone muito especial e de grande relevância para os nossos dias, por isso vos convido a uma leitura atenta do texto de Lucas 1,39-45.
Silêncio meditativo para que a Palavra entre em nós e ilumine a nossa vida.
O quarto domingo do tempo do advento traz para nós uma pérola literária do evangelho de Lucas. Um texto cheio de referências bíblicas:
Um texto cheio de encantos, de ternura, de movimentos externos (a viagem) e internos (saudação e exclamação). É o encontro de duas mulheres benditas que descobrem uma na outra, o mistério que ainda não conheciam e que as enche de muita alegria. Contemplemos os passos de Maria no seu itinerário para casa de Isabel e deixemos que o Espírito nos conduza.
(v.39): "Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia". Maria parte porque algo novo aconteceu na sua vida. Maria parte pelas palavras do anjo “Isabel, tua parente, concebeu um filho na sua velhice” (1,36), Maria vai ao encontro do “sinal” que Deus lhe deu: "porque a Deus nenhuma coisa é impossível"(1,37), Maria sai de si mesma para servir amorosamente, para levar vida, para fazer encontros que sejam visitação. Maria empreende a viagem movida pela caridade e espírito de serviço com cuidado e com prontidão. Lucas nos convida a contemplar este mistério de fé, alegria, serviço, anúncio.
(v.40-45): “Maria entrou na casa de Zacarias e saudou Isabel”. No Evangelho de Lucas, entrar na casa de alguém significa entrar num relacionamento profundo, ingressar no âmago de uma situação específica, e estabelecer um contato a partir do qual se verificará uma transformação decisiva. Com papa Francisco meditemos sobre estes versículos: «Bem-aventurada és tu que creste» (Lc 1, 45): com estas palavras Isabel ungiu a presença de Maria na sua casa. Palavras que brotam do seu ventre, das suas vísceras; palavras que conseguem fazer ressoar tudo o que ela experimentou com a visita da sua prima: «Assim que a voz da tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste» (Lc 1, 44-45).
Deus visita-nos nas entranhas de uma mulher, movendo as vísceras de outra mulher com um cântico de bênção e de louvor, com um canto de alegria. A cena evangélica contém em si todo o dinamismo da visita de Deus: quando Deus vem ao nosso encontro move as nossas vísceras, põe em movimento aquilo que somos, a ponto de transformar toda a nossa vida em louvor e bênção. Quando Deus nos visita deixa-nos inquietos, com a sadia inquietação daqueles que se sentem convidados a anunciar que Ele vem e está no meio do seu povo. Assim o vemos em Maria, a primeira discípula e missionária, a nova arca da aliança que, longe de permanecer num lugar reservado nos nossos templos, sai para visitar e acompanhar com a sua presença a gestação de João.
Releia o texto e contemple:
No silêncio do seu coração reze:
Virgem e Mãe Maria,
Vós que, movida pelo Espírito,
acolhestes o Verbo da vida
na profundidade da vossa fé humilde,
totalmente entregue ao Eterno,
ajudai-nos a dizer o nosso «sim»